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Author: rupereta servindo sempre



Sem dúvida, a arqueologia fascina. Sepulturas antigas, inscrições crípticas gravadas em pedra ou escritas em papiros, cacos de cerâmica, moedas desgastadas — são pistas tentadoras para qualquer investigador inveterado. Poucos vestígios do passado, porém, geraram mais intriga que os manuscritos do mar Morto, uma coleção de centenas de manuscritos que remontam ao período de 250 a.C. a 68 d.C, encontrados em cavernas cerca de 32 quilômetros a leste de Jerusalém, em 1947. Ao que tudo indica, foram escondidos por uma seita rigorosa de judeus, os essênios, antes que os romanos destruíssem seu povoado.

Os manuscritos dão margem a algumas alegações muito estranhas, inclusive uma, que se encontra no livro de John Marco Allegro, segundo a qual o cristianismo teria emergido de. uma seita que pregava a fertilidade e cujos adeptos alimentavam-se de um cogumelo alucinógeno![i] Em uma declaração muito polêmica, porém mais legítima, o especialista em papiros José O'Callaghan afirmou que os fragmentos do mar Morto são parte de um manuscrito mais antigo encontrado no evangelho de Marcos que data de cerca de 20 anos depois da crucificação de Jesus. Todavia, muitos estudiosos continuam a duvidar dessa interpretação.[ii]
Seja como for, nenhuma investigação arqueológica do século I que se preze poderia deixar de lado os manuscritos do mar Morto.
— Será que eles nos informam objetivamente alguma coisa sobre Jesus? — perguntei a McRay.
— Bem, não, Jesus não é mencionado especificamente em nenhum dos manuscritos — respondeu ele. — Basicamente, esses documentos nos dão alguns esclarecimentos sobre a vida e os costumes dos judeus.
Em seguida, McRay pegou alguns jornais e mostrou-me um artigo publicado em 1997.
— Muito embora — acrescentou ele — haja um desenvolvimento muito interessante em um manuscrito chamado 4Q521. Ele poderia nos dizer algo sobre quem Jesus afirmava ser. Aquilo aguçou minha curiosidade.
— Diga-me do que se trata — eu disse com um tom de urgência na voz.
McRay desvendou o mistério.
O evangelho de Mateus descreve como João Batista, quando estava preso e lutava com dúvidas sobre a identidade de Jesus que teimavam em assaltá-lo, mandou que seus seguidores fizessem a Jesus uma pergunta de monumental importância: "És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?" (Mt 11.3).Ele queria saber, sem sombra de dúvida, se Jesus era mesmo o Messias tão aguardado.
Ao longo dos séculos, os cristãos sempre refletiram muito sobre a resposta enigmática que Jesus deu a essa pergunta. Em vez de dizer objetivamente sim ou não, Jesus disse: "Voltem e anunciem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: os cegos vêem, os mancos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas novas são pregadas aos pobres" (Mt 11.4,5).
A resposta de Jesus era uma alusão a Isaías 61. Mas, por alguma razão, Jesus acrescentou a frase "os mortos são ressuscitados", que claramente não faz parte do texto do Antigo Testamento.
É aí que entra o 4Q521. Esse manuscrito extrabíblico, pertencente à coleção dos manuscritos do mar Morto, escrito em hebraico, remonta a 30 anos do nascimento de Jesus. Ele contém uma versão de Isaías 61 em que consta a frase "os mortos são ressuscitados".
— Craig Evans, especialista nos manuscritos, ressaltou que essa frase do 4Q521 pertence sem dúvida nenhuma ao contexto messiânico — disse McRay.
— Ela se refere às maravilhas que o Messias fará quando vier e quando o céu e a terra lhe obedecerem. Portanto, quando Jesus respondeu a João, ele não estava sendo nem um pouco ambíguo. João teria reconhecido imediatamente suas palavras como uma afirmação objetiva de que ele era o Messias.
McRay passou-me o artigo em que as palavras de Evans eram citadas: "O 4Q521 deixa claro que a referência de Jesus a Isaías 61 é verdadeiramente messiânica. Basicamente, Jesus está dizendo a João, por meio de seus mensageiros, que coisas messiânicas estão ocorrendo. Isso, portanto, responde à pergunta de João: Sim, ele é o que haveria de vir".[iii]
Recostei-me na cadeira. Para mim, a descoberta de Evans confirmava de modo extraordinário a identidade de Jesus. Fiquei atônito ao ver como a arqueologia moderna era capaz de, finalmente, desvendar o significado de uma declaração em que Jesus afirmava ousadamente, há aproximadamente mil anos, que ele era, de fato, o Ungido de Deus.

Entrevista feita por: Lee Strobel.
Entrevistado:
John McRay, Ph.D.
Trecho da entrevista obtido do livro: em Defesa de Cristo – um jornalista e ex-ateu investiga as provas da existência de Cristo.
Editora Vida – Acadêmica.2001.




[i] WILKINS & MORELAND, Jesus underfire, p. 209.
[ii] Ibid., p. 211
[iii] Kevin D. MILLER, The war of the scrolls, Chrístianity Today, 6 Oct. 1997, p. 44, (grifo
do autor).

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